Um quarto de século

Obrigo-me a escrever todos os anos, por volta do meu aniversário. Talvez obrigar seja uma palavra muito forte mas a verdade é que o faço. Seja em Português ou Inglês, com ou sem inspiração.

O objetivo, acredito nunca ser o de assinalar a data, mas a necessidade de mais um ponto ser acrescentado. Às vezes parece que cá andamos e que coleccionamos números, experiências, idades e nunca histórias. Lemos, todos os dias, artigos, jornais, livros, legendas, anedotas e nunca paramos para nos lermos, a nós.

Todos os anos, perto do 5 de dezembro, “obrigo-me” a contar mais um bocado da minha história. É isso que é viver, partilhar parágrafos, capítulos e pontos finais. Quantos destes não temos durante um ano…? Tantos! Somos capazes de falar sobre eles, aos amigos, à família, a desconhecidos, vezes sem conta. Contudo, nunca os escrevemos para nós. Eu escrevo. É isso que estou a fazer, mesmo que a sensação seja de que estou a falar de tudo ou de nada.

Hoje escrevo para mim. Antes dos outros. Escrevo para me lembrar que com 25 anos vi a minha mãe a soprar as velas, tinha eu perto de sete. Hoje sopro eu essas velas e, apesar de não ter uma pequenita minha de sete anos, tenho uma ‘grande’ eu, que se transporta de volta a esse tempo e pensa: “Uau, hoje sou eu a ‘grande'”.

Quando tinha 15 anos, idade que guardo com carinho, achava tudo dos 25. Hoje acho nada, porque crescer é continuar a sermos pequenos, mas com outro peso. Crescermos é tudo aquilo que nunca ninguém me disse e não poderia ser de outra maneira. Se fosse, qual seria se não o desapontamento de descobrir que, afinal, crescer é não mais do que uma brincadeira que amadurece com o tempo.

Da Inês nos 24, ou nos 15, ou nos sete. 🙂

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