A história, as colinas verdes e quatro castelos

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Lastours, 2016

Todos os dias ganham novas formas. A luz que os irradia é drástica e tolda-lhes a personalidade consoante as sombras. O vento, se por eles passa, não se percebe. São indiferentes e poderosos demais para que a natureza incomode o seu sossego. As falhas na sua postura rígida criam as mais bonitas formas. Parecem estar moldados ao detalhe, mas tudo aquilo é fruto do acaso humano. Não se deixam incomodar e continuam firmes e majestosos, rodeados de vida, protegidos por um verde abismal.

O eco rodeia-os e os caminhos estão desenhados à margem do desejo humano em alcançá-los. Emanam força e sabedoria… gritam história! Quantas pegadas já não terão, por ali, sido desenhadas. Não se imagina. A ideia da evaporação da imagem, e de tornarem-se apenas uma memória que se vai dissipando, arrepia as árvores que nos veem. O vento sente o incómodo e sopra, quase como se me sussurrasse o movimento de olhar para cima, um simples desvio de olhar, de perspetiva. Fitá-los é levantar a cabeça e olhar o horizonte. Parecem tão perto… estarão?

De manhã acordam com o frio da brisa e despem-se na pouca luz que têm. De tarde estão quentes e refletem a muralha que querem esconder. Estão expostos. No fim do dia são uma miragem das horas quentes e explodem o calor que absorveram. Ao cair da noite, nem a escuridão os esquece. A luz da lua, imponente no seu céu estrelado, oferece à noite enregelada vagas sombras deles… a brilhar, até na escuridão. Estão sempre lá, ao som dos pássaros que não descansam, prontos a oferecerem novas formas a um novo nascer do dia.

À paisagem mais bonita que eu alguma vez tive a oportunidade de admirar, protegida da despedida entre as árvores do acampamento… Prometo voltar.

Inês Marinho,

Lastours, 17 de maio de 2016.

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